Resumo Histórico

Fundação de Pocinhos – Resumo I I (Texto extraído do Livro Agenda “Pocinhos Aspectos e Encantos”.

Os Primitivos Habitantes

Dança dos Tarairiús, pintura a óleo sobre tela, feita por Albert Eckhout,em 1641

Primitivamente a região, hoje coberta pelo município de Pocinhos, foi habitada pelos índios Tarairiús. Fala-se que eram bravos, guerreiros destemidos e valentes, tendo lutado violentamente para não permitir que os portugueses se apossassem de suas terras. Os Tarairiús eram mais altos e corpulentos que os Cariris, possuíam muita força física, tinham a pele queimada, em tons de marrom, seus cabelos eram pretos, espessos e ásperos. Eram desprovidos de pêlos por todo corpo. Andavam praticamente nus, cobriam as partes íntimas com peças feitas de materiais rudimentares, extraídos da natureza.

Primeiro Proprietário das terras

Gravura da chegada dos índios Ariús em Campina Grande, constante no Museu Histórico daquela cidade

Em 1694, o Capitão Teodósio de Oliveira Ledo foi encarregado de eliminar os últimos focos de resistência dos índios. Poucos anos depois, ele requereu para si todas as terras entre as sesmarias (como eram chamadas as terras doadas pela Coroa) de Vital de Negreiros, na atual Ingá, até as glebas de sua família em Pombal, formando a fazenda Santa Rosa, cuja sede, Casa Grande de Santa Rosa, daria origem à cidade de Boa Vista. Nessas terras requeridas encontravam-se as que compõem o atual município de Pocinhos. O Capitão Teodósio tornou-se o primeiro proprietário do território do que é hoje o município de Pocinhos, embora nunca chegasse a conhecê-lo.

Esta situação durou até 1724, quando o Marquês de Pombal emitiu provisão que limitava as sesmarias a três léguas de largura por uma de comprimento. As sesmarias dos Oliveira Ledo, antes abarcando quase todo o interior paraibano, reduziram-se a uma faixa de terra serpenteante, seguindo os leitos dos rios e riachos mais importantes. Todos os outros milhares de hectares de terra, voltaram às mãos da Coroa, entre elas, as que compõem Pocinhos.

Descoberta dos Poços

Gravura representando a chegada dos vaqueiros de Dionísio
Gomes Pereira, em Pocinhos, por volta de 1762

Por volta de 1750, muitos proprietários pernambucanos vieram para a Paraíba em busca de terras devolutas. Um destes colonos a vir de Pernambuco foi o tenente Dionísio Gomes Pereira, que adquiriu os sítios Camucá, São Tomé e Gravatá, a quatro léguas de Campina Grande. Além de ter as terras agrícolas citadas, tornou-se proprietário de metade do sítio Campos do Oriá, onde criava gado.

Em 1762, ao levar o gado para pastar além dos limites do sítio Campos do Oriá, os vaqueiros de Dionísio Gomes acham um poço a que chamam “Olho d’água do Bravo”, onde hoje se localiza o açude municipal de Pocinhos, no centro da cidade, ao lado da cadeia municipal. A descoberta deste manancial em paragens tão secas, assinalou Irineu Joffily, foi um achado, pois permitiria a passagem do gado entre o Sertão e o Brejo sem ter de atravessar as terras dos Oliveira, em Santa Rosa (Boa Vista) ou Cabaceiras.

Requisição das Terras

Em 1764, dois anos depois da descoberta dos poços, Dionísio morreu, deixando seus bens à sua esposa, Bárbara Maria da Pobreza, então com 34 anos. Logo depois da morte do marido, ela requisitou concessão da sesmaria do Olho d’Água do Bravo. Diz o documento:

“Bárbara Maria da Pobreza, viúva do tenente Dionísio Gomes Pereira, senhora da metade do sítio Oriá do Sertão do Cariri, onde nas testadas há um olho d’água chamado Brabo, que a suplicante povoou há três anos para melhor beneficiar seus gados, e porque se arreceie de que alguém os peça, vem requerer três léguas de terras, pegando o dito olho d’água e caminhando para o poente, fazendo do comprimento largura e da largura comprimento, como melhor conta lhe fizer, cuja terra se lhe pode dar por se achar devoluta”.

Em 23 de abril de 1765, o Governador da Capitania da Paraíba, Jerônimo José Mello Castro, concedeu as terras de Pocinhos a requerente.

José Ayres – Fundador de Pocinhos

Gravura representando a primeira casa construída em Pocinhos, por volta de 1790

Em 1790, José Ayres Pereira, filho de Bárbara Maria da Pobreza e do tenente Dionísio Gomes Pereira, deixou Alagoa Nova e se estabeleceu no Olho d’Água do Bravo, onde construiu a sede de suas fazendas, Casa-grande do Bravo, bem próximo ao manancial, fundando o que viria a ser o núcleo que daria origem a Pocinhos.

Segundo tradição oral, a casa-grande foi erguida no sopé do lajedo, no mesmo lugar onde hoje encontra-se a Casa de Caridade. Segundo historiadores, esta fazenda foi construída à base de pau-a-pique ou taipa, com uso de grandes toras de madeiras selecionadas e revestimento de barro de formigueiro, pela resistência ao contato das chuvas.

Fundação Oficial de Pocinhos

Aspectos do povoado de Pocinhos em 1817, ano em que foi inaugurada a capela

Com o êxito das rotas comerciais que passavam por Olho d’Água do Bravo e com o crescimento da povoação, surgiu a necessidade de o povoado ser reconhecido oficialmente. Para isso, era preciso construir uma capela autorizada.

Em 1815, José Ayres Pereira pede, através do Padre Leonardo José Ribeiro, autorização à diocese de Olinda para edificar a capela em sua propriedade, que deixa de se chamar Olho d’Água do Bravo e passa a ser “ Pocinhos”.

A autorização da capela é o primeiro documento a exibir a denominação “Pocinhos” e não Olho d’Água do Bravo ou Olho d’Água de Bárbara Maria, como em escrituras anteriores.

O ano da autorização da capela (1815) é considerado, arbitrariamente, a data de fundação da cidade, embora, como viu-se, o lugar fosse conhecido havia meio século e habitado há três décadas. A capela foi construída no mesmo lugar onde hoje se encontra a atual matriz. Tanto “Olho d’água do Bravo” quanto “Pocinhos”, foram nomes dados a esta localidade, devido à existência de alguns poços, onde hoje se localiza o açude municipal, ao lado da cadeia pública.

O motivo mais provável para a troca do nome do povoado, é que “Pocinhos”, e não “Olho d’água do Bravo”, fosse o nome popular da localidade, e o padre Leonardo estivesse apenas dando curso à voz popular.

De Distrito à Vila

1874 – Pocinhos foi elevada a Distrito através do decreto Lei Provincial nº 569 de 30/09/1874.
1890 – Pocinhos começou a ter sua feira.
1893 – Foi instalada a primeira Agência Postal.
1908 – Criou-se a Paróquia de Pocinhos, desmembrada de Campina Grande (07 de agosto)
1914 a 1918 – A população dobrou em apenas 4 anos.
1920 – Iniciou-se a abertura da estrada que liga Pocinhos ao quilômetro 21 da rodovia entre Campina e Soledade.
1926 – Foi inaugurada a rede elétrica, alimentada por um gerador a diesel, inovação satisfatória para a época, quando ainda não havia hidroelétricas no Nordeste.
1938 – Pocinhos é elevada à categoria de Vila, através do decreto Lei Federal nº 311 de 02/03/1938.

Emancipação Política

Primeira imagem aérea de Pocinhos, após sua emancipação

No ano de 1953, Pocinhos era um dos nove distritos do município de Campina Grande. Padre Galvão, o então vigário do distrito, conversa com o deputado Pedro Gondim sobre a possibilidade de emancipação. Concordando com o padre, o referido deputado vai à Assembléia Legislativa em João Pessoa, e lança a proposta à casa.

A intenção inicial era que o novo município tivesse Puxinanã e Boa Vista como seus dois distritos. Mas houve muita resistência, tanto por parte de Campina grande (por meio de seu prefeito Plínio Lemos), quanto por parte de Boa Vista. Depois de muitas conversas resolveu-se ceder apenas o distrito de Puxinanã.

No dia 10 de dezembro de 1953 foi aprovada a lei de emancipação de Pocinhos. No mesmo dia o governador João Fernandes de Lima a sancionou.

Como as eleições já haviam passado, surgiu a necessidade do citado governador escolher um interventor para o recém-criado município. Diante disso, fez-se uma reunião na casa do Padre Galvão, onde estavam presentes alguns dos mais respeitados cidadãos da região, e se escolheu o nome de José Pereira do Nascimento, mais conhecido como José Alves. No dia 21 de dezembro de 1953, ocorreu a posse no Palácio da Redenção.

(Resumo extraído do Livro Agenda “Pocinhos Aspectos e Encantos”, Elaborado por Eduardo Araújo.)

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